terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Todo homem é cafajeste, toda mulher é virgem!

Pois é, após algum tempo de reflexão estou aqui de novo, com meus fieis escudeiros, meu cachorro, que acha que meu pé é um dragão malvado e que ele tem que destruir a qualquer custo, minha cerveja estupidamente gelada que teima em acabar sempre nas horas que o meu time esta atacando e meu teclado, que faz o mesmo barulho de uma Ak-47.

Bom, mais uma vez aqui para relatar a vida sofrida de um homem solteiro.

Em um certo domingo estava eu, titubeando canais em minha TV e percebi que minha vida estava um tanto quanto vazia, meu cachorro brincava sozinho com uma garrafa PET no quintal, minha samambaia já havia morrido há alguns meses, e eu comprei uma de plástico pra colocar no lugar. Sai ontem, fui embora no meio da noite pois não agüentava mais; a lotação, a demora pra pagar, ficar falando alto; Pois é, acho que estou ficando velho, estou chegando perto dos 30, não tenho mais aquele pique todo, esta na hora de rever os meus conceitos e começar a tomar rumo na vida.
E nada melhor do que um bom papo com um amigo em um bar pra espairecer.

O local escolhido foi o menos badalado, um barzinho mais ‘Low Profile’, poderíamos sentar, tomar uma cerva calmamente e filosofar.
Sentados há mesa, papo vai, papo vem, eu me abrindo para o meu amigo, falávamos sobre tudo, futebol, amor, sexo, economia, carros, futebol, mulheres, futebol, física quântica, televisão e um pouco de futebol que também precisamos arejar a cabeça né, não da pra ficar só falando de coisas sérias.
Mas o assunto principal era a vida triste de homens da nossa idade, solteiro e sozinhos, meu amigo, um pouco mais jovem, quase 6 meses, ainda não compreendia bem o que eu falava, mas eu precisava desabafar, deixar claro que ser solteiro não era uma opção de vida, e sim uma condição que a vida me impôs.
Falando das dificuldades de se arrumar alguém que se encaixe no meu mundinho, alguém que saiba se calar quando tem que se calar, que queria fazer sexo todas as vezes que quero fazer sexo, que entenda que lasanha congelada é vital para a vida da humanidade e que verdura é coisa dos Nazistas... pois é meu amigo, eu to carente, quero colo e não é o da minha mãe (que aliás cura qualquer coisa no mundo), mas esta difícil, depois da revolução feminista, e da liberação sexual, o mundo virou um caos, sou visto apenas como um pedaço de carne, como um aparelho do prazer, elas usam, abusam e depois guardam para mais tarde, sempre me mantêm próximo e em bom estado. Cansei!!!

“A partir de hoje vou procurar alguém que queira algo sério, duradouro e para vida toda.”

Vejam como a vida é engraçada e cruel; inesperadamente um garçom se aproxima e nos entrega um bilhete, com o seguinte dizer: - Estão esperando alguém?

Li, fiquei assustado com a letra medonha, passei para o meu amigo que leu e me perguntou ‘Quem será?’
Olhamos ao redor e não vimos ninguém dando pinta de paquerinha, na nossa direita, um bando de estudantes de moda com roupas que pareciam ter saído de um filme de ficção cientifica, a nossa esquerda um casal que parecia estar em lua de mel consumando o casamento, na nossa frente uma galera com seus Laptops no balcão, o bar e as chopeiras (uma visão do paraíso), porém quando olhamos para trás... A visão do inferno, dois senhores de aproximadamente 60 anos, fumavam charuto e tomavam conhaque em uma mesa que tinha como acento um sofá curvo que percorria a extensão da mesa, conversavam e riam muito, imediatamente começamos a rir e chamamos o garçom para perguntar quem havia mandado o bilhete, ele apenas apontou para cima, tinha um mezanino que dava para uma varanda, onde tinha algumas pessoas em pé e duas belas garotas sentadas em uma mesa tipo bistrô, olhando para baixo e com leve sorriso no rosto.

Imediatamente pedi uma caneta para o garçom e escrevi em um guardanapo:
“Sim!!!” e falei a ele que entregasse a elas, meu amigo brigou comigo:
How...How Brow, acorda sangue bom, aqui é Capão Redondo Tru, Não Pokémon
‘- Virou viado?! Não sei a sua situação, mas na minha não dá pra dispensar uma loira e uma ruivinha dando mole... então, larga essa síndrome da 3ª idade pra lá e honra o as calças que você usa!’
Então, ele escreveu em outro papel: “Você” e pediu ao garçom que entregasse primeiro o meu e depois o dele.
Batata, as duas deram uma leve gargalhada, e começaram a descer a escada, nossa, confesso a vocês que fiquei espantado com a beleza das garotas, e meu amigo não parava de sussurrar: ‘- Ruiva é minha, a ruiva é minha, a ruiva...’

Nos cumprimentamos, as convidamos para sentar, inesperadamente a ruiva sentou ao meu lado, e a loira do lado do meu amigo, eu nesse altura do campeonato não estava nem ai, só queria que elas fossem embora logo, queria poder continuar a minha lamentação.

Papo vai papo vem, fui ao banheiro e quando volto vejo meu amigo aos beijos com a moça loira, eles pareciam estar no cio.
Perguntei para a ruiva o que havia acontecido, ela sorriu e disse que do nada eles se atracaram, e me pediu para subirmos um pouco, pois lá em cima era mais fresco e o cheiro do charuto estava incomodando-a um pouco.



Subimos, perguntei para ela o que fazia, ele me disse que cursava faculdade de direito, que tinha 22 anos e que era de uma cidade bem pequena do interior, que cresceu entre vacas e galinhas e que estava deslumbrada com a cidade grande, mas que ainda sentia falta de algumas coisas do interior. Pedi para citar uma, ela olhou para o céu e disse: ‘Eu sinto falta das estrelas!

Nessa hora eu olhei no fundo de seus olhos verdes, que com a luz certa pareciam cada vez mais com duas esmeraldas, e pensei “é ela”,

e o papo rolou um bom tempo, e eu fui me interessando cada vez mais pela ruivinha caipira, com um jeito meigo e doce, foi me enfeitiçando e sem perceber ela foi se aproximando de mim e “Catapimba” estávamos nos beijando, nessa hora senti meus pés saírem do chão, ouvia sinos, sentia o volume dos seus seios apertando o meu peito e eu só consegui pensar “é ela”.

Após algumas horas lá em cima meu amigo subiu com a loira e comunicou que ia embora com ela, e sugeriu que eu levasse a ruiva para casa.
Não podia negar, há essa altura eu já estava completamente apaixonado, foi amor à primeira vista, cada vez que ele me olhava eu pensava “é ela”.
Fui levá-la ouvindo Nando Reis, mais precisamente aquela musica que fala “Estranho seria se eu não me apaixonasse por você...” cantávamos e sorriamos, parei na porta do AP dela, começamos a nos beijar, as coisas começaram a esquentar eu pensei “calma valentão, essa vai ser a mãe dos seus filhinhos... você tem que respeitá-la”.
Mas nessas horas tem alguma coisa que é mais forte, tipo um lado negro da força que me domina, e quando menos percebi estamos deitando no sofá dela, e beijo vai, beijo vem, a mão naquilo, aquilo na mão e ela segura o meu rosto, olha no fundo dos meus olhos e fala: “- Não, eu não sou assim, precisa ter sentimento, preciso me envolver.”

Nunca na historia desse país eu falei algo assim, mas falei para ela que claro, que compreendia, e que daríamos tempo ao tempo, tirei a minha mão de dentro da sua blusa, dei um suspiro e deixei o meu corpo escorregar para o chão ao lado do sofá enquanto ela se ajeitava.

Quando menos esperava ela pulou em cima de mim me beijando loucamente e abrindo a minha calça, a minha única reação foi pensar “é ela”, foi uma noite louca de sexo intenso e viril, como há muito tempo não acontecia, tinha magia, química, pele, tesão, um turbilhão de sentimentos.

Depois de algumas horas, já no quarto dela, ela deitada no meu peito, olha nos meus olhos e diz: “- Eu nunca fiz isso antes, o que você vai pensar de mim, assim, no primeiro dia, no primeiro encontro, a gente mal se conhecia, e eu já fui me entregando para você. Vai achar que sou uma puta dessas que saem com todo mundo.”

Falou com uma voz tão melosa, que ate fiquei um tempo sem palavras, a única coisa que me veio na cabeça foi “é ela”, eu a tranqüilizei, disse-lhe que não precisava se preocupar com o que eu pensava, que tudo o que aconteceu foi muito forte e intenso entre duas pessoas adultas e que sabiam muito bem o que queriam, e que eu estava completamente encantado com ela.

Cochilamos por alguns minutos, fizemos mais sexo, e lá pelas 5:00am, nos despedimos no corredor, ela de camiseta e calcinha, eu achava tudo lindo, trocamos telefone, ela disse que me ligaria e eu fui embora "com um sorriso bobo, parecido com soluço...”como diria Renato Russo.

Mas mulher do interior é coisa do capeta, ela não me ligou, e não me atendia, se quer retornava os meus recados, como pode um ser tão angelical ser tão cruel, aquela ar de ingenuidade, aquela pureza, aqueles olhos verdes, aquela boca carnuda faziam parte de uma farsa, do complô do mundo contra mim!!!???

Encontrei com ela por esses dias, em um bar super badalado, ela estava linda, olhou para mim com um olhar fuminante veio em minha direção e disse um “Oi” que soaria como música até para um surdo, eu lhe perguntei se havia acontecido algo, porque do sumiço dela, ela me disse que ficou com medo de se envolver, que era muito nova para ter um relacionamento sério, e que depois de tudo o que aconteceu, eu não era um homem pra se casar e sim pra se usar.

E na minha cabeça eu só pensava “é ela”.

Pois é, mais uma vez fui usado, e o pior, meu amigo, não transou com a loira naquela noite, eles estão namorando, sério, passeio no shopping, almoços de domingo em família, visitas regulares à ETNA e à TOK&STOK, e eu aqui, assistindo futebol, com minhas plantas de plástico e meu cachorro matador de dragão e minha metralhadora de letras.

E se me perguntarem o que eu aprendi com isso... Não sei, só sei que carimbei mais uma, e continuo indo, só não sei para onde.

Beijo, me liga!